O gênero Carollia, amplamente distribuído na região Neotropical, inclui no Brasil as espécies C. benkeithi, C. brevicauda e C. perspicillata, sendo esta última a mais comum. Devido à alta semelhança morfológica e à baixa divergência genética entre C. perspicillata e C. brevicauda realizou-se um estudo com abordagem multidisciplinar para investigar a taxonomia dessas espécies em diferentes domínios fitogeográficos brasileiros. A análise morfológica revelou sobreposição entre as amostras analisadas com distinções sutis para alguns espécimes em traços dentários e coloração da pelagem, enquanto a morfometria craniana indicou ampla sobreposição dos caracteres analisados. A morfogeometria revelou baixos valores para análise de componente principal (dorsal – 24,04% e ventral – 14.87%) e análise de variáveis canônicas (dorsal – 16,8% e ventral – 18,9%) revelando pouca variação da forma que não foram suficientes para separar as unidades taxonômicas. A divergência genética foi de apenas 2,1%, e os modelos de delimitação (ABGD, ASAP, mPTP, GMYC) apontaram os espécimes deste estudo para uma única Unidade Taxonômica Operacional (MOTU), reunindo os espécimes deste estudo com outros do Brasil e de outros países no clado de C. perspicillata, um outro clado foi formado pela espécie C. brevicauda. A congruência entre dados morfológicos e moleculares reforça o reconhecimento de C. perspicillata como uma única unidade taxonômica nos biomas analisados. Para identificar lacunas nas dimensões taxonômica, geográfica, evolutiva e ecológica do gênero Carollia, realizou-se uma análise cienciométrica da produção científica sobre o gênero publicada entre 1994 e 2024. A partir desta análise foram identificadas lacunas Linneana, Wallaceana, Darwiniana, Eltoniana e Prestoniana e que apesar do crescente interesse pelo gênero, ainda há grandes defasagens no conhecimento que precisam ser abordadas para avançar na conservação e compreensão das dinâmicas ecológicas e evolutivas de Carollia.